Instituto EndoVitta

TRATAMENTO DA OBESIDADE

NUTRIÇÃO

No balão intragástrico, o sucesso não depende apenas do procedimento, o suporte nutricional é indispensável para obter bons resultados, objetivando a perda de peso com saúde. Existem fatores nutricionais importantes que devem ficar claros para que haja maior adesão do paciente. A adesão dietoterápica dependerá da habilidade do profissional nutricionista em adequar as recomendações ao estilo de vida e preferências individuais.

OBJETIVOS

O intuito do aconselhamento nutricional no período pré-procedimento é o aumento do potencial de sucesso e objetiva promover perda de peso inicial, reforçar a percepção do paciente de que a perda de peso é possível quando o balanço energético se torna negativo, identificar erros e transtornos alimentares, promover expectativas reais de perda de peso, preparar o paciente para a alimentação e verificar o potencial do paciente para o sucesso do procedimento. Um bom entendimento das mudanças da capacidade, da função gástrica e das restrições dietéticas é decisivo para um ótimo resultado após o procedimento. O plano de introdução gradual de alimentos deve ser apresentado com recursos que garantam a compreensão sobre a capacidade gástrica, desconfortos fisiológicos potenciais e consequências que podem acontecer se o protocolo não for seguido. A responsabilidade do indivíduo no autocuidado é enfatizada durante esta fase.

A elaboração do protocolo proposto considerou inicialmente as orientações de evolução de consistência relatadas em literatura, mas no contato diário com o paciente verificou-se a necessidade de algumas adaptações quanto ao tempo necessário de contato no pré-operatório, suficiente para realizar um trabalho efetivo, e quanto à evolução de consistência, de maneira a proporcionar um maior conforto para o paciente. Somente após a avaliação nutricional, pode-se afirmar se há ou não indicação de balão para o paciente. Vale ressaltar que todos os profissionais da equipe (endoscopista, anestesista, nutricionista, psicóloga e educador físico) reúnem-se para discussão de casos e liberação do paciente para o procedimento.

Para que o sucesso do procedimento seja duradouro e eficiente, o comportamento alimentar desses pacientes deve ser monitorado gradualmente de forma que aconteça a perda de peso e seja evitada a depleção de vitaminas, minerais e proteínas.

O nutricionista deve orientar a evolução progressiva dos alimentos conforme suas composições e consistências, ajudando com o planejamento da refeição e estar atento às possíveis deficiências.

Antes da definição da colocação do Balão Intragástrico, o paciente deverá obrigatoriamente passar com a nutricionista, desta forma, poderá ser realizado o procedimento com segurança para a equipe e para os pacientes.

1º CONSULTA

  • Anamnese Nutricional;
  • Avaliação Antropométrica;
  • Entrega do termo de responsabilidade;
  • Dieta líquida por 24hs antes do procedimento;
  • Jejum de 12hs antes do procedimento.

DIETA LÍQUIDA RESTRITA (72 hs): Dieta para adaptação ao balão e para evitar desidratação, deverá ser fracionada em pequenos volumes, várias vezes ao dia, conforme aceitação. Podendo ser consumido: água, água de coco, gelatina, picolé de frutas e chás.

DIETA LÍQUIDA COMPLETA (12 dias): Introdução de alimentos de consistência líquida, hipocalóricos, todos os alimentos deverão ser liquidificados e coados. Pode ser consumido vitaminas de frutas, iogurtes, sucos de frutas, sopas batidas e coadas.

2º CONSULTA – 15 dias após o procedimento

DIETA CREMOSA (15 dias): Introdução de alimentos de consistência cremosa, sempre em pequenas quantidades, respeitando o fracionamento de horários. Pode ser consumido purês de legumes, papas de frutas, queijos brancos e ovo cozido.

Nesta consulta, o paciente deverá ser orientado para a próxima fase da dieta cremosa, deve ter cuidado para não introduzir carboidratos em excesso e se conscientizar para a prática de atividades físicas.

3º CONSULTA – 30 dias após o procedimento

DIETA PASTOSA (15 dias): Introdução de alimentos de consistência pastosa, sempre em pequenas quantidades, respeitando o fracionamento de horários. Podendo ser consumido filé de peixe, carne moída, frango desfiado, frutas e legumes cozidos.

4º CONSULTA – 45 dias após o procedimento

DIETA BRANDA (45 dias): Introdução de alimentos de consistência sólida, sempre em pequenas quantidades, respeitando o fracionamento de horários. Podendo ser consumidos cereais, integrais, carnes magras, legumes cozidos, frutas.

5º CONSULTA – 90 dias após o procedimento

DIETA GERAL (45 dias): Introdução de todos os alimentos, sempre em pequenas quantidades, respeitando o fracionamento de horários. Podendo ser consumido leguminosas e folhas cruas.

6º CONSULTA – 135 dias após o procedimento

DIETA ESPECIFÍCA PARA O PACIENTE, DEVE-SE PRIORIZAR PREFERÊNCIAS ALIMENTARES, HÁBITOS DE VIDA, PERFIL ALIMENTAR, OBJETIVOS A LONGO PRAZO, ATIVIDADE FÍSICA.

7º CONSULTA – 165 dias após o procedimento

DIETA LÍQUIDA (72 hs): Esta dieta é fundamental para limpeza de resíduos alimentares do balão, deverá ser seguida rigorosamente a fim de garantir a segurança do paciente.

Paciente deverá tomar refrigerante zero ou light para ajudar na limpeza do balão.

Jejum absoluto de 12hs ou conforme orientação médica.

8º CONSULTA – 180 dias após o procedimento

As próximas dietas deverão ser elaboradas de acordo com os objetivos do paciente, de forma individualizada, respeitando as preferências individuais, atividade física, hábitos de vida.

A perda de peso é intensa principalmente, durante as duas primeiras semanas após o procedimento, o ritmo acelerado de emagrecimento continua a ser observado até o terceiro mês e, a partir de então, passa a ser mais lento. Este é um processo natural de adaptação fisiológica que faz que o organismo passe a gastar menos energia diariamente para que evitar que a perda de peso seja rápida e permanente e possa acarretar desnutrição.

A melhor forma de melhorar o ritmo de perda de peso nesta fase é a atividade física regular, o exercício faz com que o organismo gaste mais energia, o que ajuda a perder peso, além de trazer uma sensação de bem estar e relaxamento.

Deve-se procurar orientação médica para avaliar o momento adequado para iniciar o exercício e também um educador físico para a escolha do melhor tipo de atividade a ser realizada.

O acompanhamento nutricional será fundamental para a reeducação alimentar, visando à aquisição de bons hábitos alimentares na promoção da qualidade de vida.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • Bonazzi CL., Valença MCT., Bononi TCS., Navarro F. A intervenção nutricional no pré e pós operatório da cirurgia bariátrica. São Paulo: Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento; 2007.;10p.
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  • Cruz MRR., Morimoto IMI.Intervenção nutricional no tratamento cirúrgico da obesidade mórbida:resultados de um protocolo diferenciado. São Paulo: Revista Nutrição; 2004; 10p.
  • Silva APMF, Furtado RPC, Barros AR, André JCS, Fagundes CT. Acompanhamento nutricional em cirurgia bariátrica- Experiência do Hospital Naval Marcílio Dias. Rio de Janeiro: Arquivo Brasileiro de Medicina Naval;2005; 07p.
  • Faria SL, Lopes T, Vieira M, Kelly EO, Faria OP. Sugestão do Uso da Pirâmide Alimentar em cirurgia bariátrica. São Paulo: Nutrição em Pauta; 2008; 7p.
  • Faria SL, Kelly EO, Faria OP. Acompanhamento Nutricional Pós Cirurgia Bariátrica. São Paulo: Nutrição em Pauta; 2008; 4p.

Por Maria Angélica Monteiro Grecco
Nutricionista/ Personal Diet – CRN 26241
Especialista em Nutrição Clínica.
Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral.
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

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