A pHmetria do esôfago (esofágica) é um exame que permite ao médico avaliar o refluxo (retorno) de material ácido contido no estômago para o esôfago num período aproximado de 24 horas, sendo no momento o padrão ouro para o estudo do Refluxo Gastro-Esofágico – RGE. Tem a capacidade de, em regime ambulatorial, identificar a presença do RGE de modo que toda vez que ocorra refluxo de material ácido do estômago para o esôfago o mesmo seja registrado e na análise do período em que o paciente esteja submetido ao exame, seja possível identificar através de avaliação computadorizada, dados que permitam identificar se houve refluxo, se esse refluxo foi fisiológico (normal) ou patológico (alterado), em que posição (se em pé, se deitado ou se em ambas) ocorreu predominantemente o RGE e também se os sintomas que o paciente relatar durante o exame, estão ou não associados ao RGE. Esses dados são utilizados por diversas especialidades dentre elas; a própria gastroenterologia, a cirurgia do aparelho digestivo, a pediatria, a clínica médica, a pneumologia, a cardiologia, a otorrinolaringologia, a dermatologia e a neurologia.
Como é realizado o exame?
O exame começa com o paciente sentado, colocando-se uma sonda plástica flexível de fino calibre através de uma das narinas, que são lubrificadas e anestesiadas com geléia de xylocaina. A partir de então, a sonda é empurrada delicadamente até passar pela garganta atingindo o esôfago, sendo empurrada através do mesmo até atingir o estômago. Nessa fase do exame pode-se sentir um desconforto passageiro (náuseas), porém uma vez passada a sonda, o esôfago rapidamente se ajusta à mesma. A partir de então, um pequeno eletrodo de referência (semelhante aos que se utilizam para fazer eletrocardiograma) é fixado em algum ponto da parede anterior do tórax (normalmente abaixo do mamilo esquerdo em homens ou da mama esquerda em mulheres) e um cabo elétrico comum à sonda e ao eletrodo é conectado a um aparelho portátil que vai registrar todo o período do exame, em seguida é feita uma rápida checagem para se ter certeza de que a sonda está no estômago e a mesma é tracionada até um ponto previamente determinado no esôfago, feito isso, a sonda é fixada na narina, passada por trás da orelha de modo a que se posicione o mais discretamente possível. O aparelho registrador é então colocado na sua capa e será colocado no paciente através de alça a tiracolo.
A seguir o paciente recebe uma folha com um diário onde deve marcar toda e qualquer refeição (incluindo líquidos e até mesmo balas ou doces), anotando o início e o final das mesmas, deve anotar também os períodos em que permaneceu deitado (início e fim de cada um desses períodos), mesmo que tenha sido apenas para uma pequena soneca e por fim, deve anotar toda vez que apresentar algum sintoma, discriminando o tipo do sintoma e anotando no diário o tempo em que o mesmo começou. Ao termino dessa fase o paciente é liberado para suas atividades de um dia normal sem restrições para que o exame possa registrar em que situações do dia acontece o RGE.
É importante lembrar que no período do exame, não se deve praticar esportes (o suor pode fazer com que o eletrodo ou a sonda se desconectem e um possível impacto pode danificar o aparelho) e não se deve tomar banho com chuveiro ou banheira, podendo, no entanto tomar banho com o uso de toalha úmida, evitando-se a área da sonda, do eletrodo e do aparelho registrador (sempre é bom lembrar que o aparelho registrador é de funcionamento elétrico e pode ser danificado quando exposto a água)
Existe algum exame ou procedimento a ser realizado antes da pHmetria?
Sim. Para um correto posicionamento da sonda de pHmetria, é necessário realizar um exame chamado de manometria do esôfago para localizar o Esfíncter Inferior do Esôfago (zona de transição entre o esôfago e o estomago, que serve de referência para o posicionamento da sonda de pHmetria) por técnica manométrica.
Quais são as indicações para se realizar a phmetria esofágica?
- Casos em que o paciente tem sintomas típicos de Refluxo Gastro Esofageano e a endoscopia não demonstra lesão (esofagite ou complicação do RGE);
- Documentar exposição acida anormal do esôfago em pacientes com endoscopia negativa e que estejam sendo considerados para cirurgia antirrefluxo (pHmetria deve ser realizada após suspensão de terapia antissecretória por uma semana);
- Avaliar pacientes após cirurgia antirrefluxo nos quais se suspeita que persiste refluxo patológico (pHmetria deve ser realizada após suspensão de terapia antissecretória por uma semana se o estudo for feito para confirmar exposição acida excessiva);
- Avaliar pacientes com achados normais e ou equivocados (atípicos) na endoscopia e sintomas de refluxo refratários à terapêutica com Inibidores de Bomba de Prótons (I.B.P.);
- Avaliar pacientes com manifestações otorrinolaringológicas (laringite; faringite; pigarro) de D.R.G.E.;
- Detectar D.R.G.E. em pacientes com dor torácica de origem não cardíaca, após avaliação cardiológica;
- Documentar D.R.G.E. em adultos associada à asma (não alérgica) e outros sintomas respiratórios (tosse crônica; infecções respiratórias de repetição; pigarro).
Por: Dra. Yael Albuquerque, Gastroenterologista, CRM: 98.475
Responsável técnico – Dr. Thiago F. de Souza CRM 110219