É uma doença inflamatória primária crônica onde ocorre infiltração de eosinófilos na mucosa esofágica. A patogênese é incerta, porém há importante associação com doenças alérgicas e história familiar(1).
É uma patologia que vem sendo bastante estudada e sua incidência vem crescendo, talvez pelo maior índice de reconhecimento por parte dos endoscopistas.
Considerada principal causa de disfagia (dificuldade do alimento em descer pelo esôfago) e impactação de bolo alimentar em adultos jovens 2.
Há relatos de que até 40% dos pacientes com EIE possam ter associação com DRGE 3, talvez porque a infiltração de eosinófilos no esôfago poderia levar a uma alteração no esfíncter inferior do esôfago, predispondo ao refluxo.
Outras doenças TGI primárias ou secundárias à doenças sistêmicas também cursam com infiltração eosinofílica no TGI tais como, vasculites, parasitoses, infecções, reações à fármacos, após transplante de órgãos sólidos, DRGE e doenças inflamatórias intestinais.
Também é importante frisar que EE precisa ser diferenciada de outra patologia chamada gastroenterite eosinofílica, em que há eosinofilia periférica acompanhada de infiltração de eosinófilos pelo TGI, principalmente estômago e duodeno, evoluindo com má absorção, dismotilidade e ascite4. Na EE o epitélio do estômago e duodeno é normal.
A apresentação típica seria de um adulto jovem (20-30 anos) com história de atopia (alergia), que refere disfagia e impactação de alimentos, com eosinofilia periférica3. Dor torácica ou abdominal, vômitos e refluxo importante também podem ser encontrados.
A EDA com análise dos fragmentos de mucosa esofágica obtidos por biópsia é essencial para o diagnóstico. O exame pode ser normal (7 a 18% dos casos) ou evidenciar várias alterações da mucosa esofágica como anéis ou sulcos transversais, erosões longitudinais, edema, friabilidade, placas esbranquiçadas, estreitamento e outras alterações observadas também em outras doenças.
A Phmetria esofágica também pode ser realizada principalmente para avaliar associação com DRGE e fazer o diagnóstico diferencial
Tratamento consiste basicamente em uso de corticoides tópicos, sendo que a corticoterapia sistêmica ficaria reservada para casos mais intensos como disfagia grave associada a perda de peso progressiva.
O tratamento com supressão ácida (IBP) pode ser útil como terapia de segunda linha quando há associação com DRGE.
São pacientes que precisam ser avaliados individualmente, caso a caso, fazendo acompanhamentos regulares com gastroenterologista.
REFERÊNCIAS:
1 – Silva MC, Carlos AS, Montes CG, Zeitune JMR – Eosiniphilic esophagitis in adults – RBM, Set 08 V65 N 9, 273-278.
2- Desai TK, Stecevic V, Chang CH, Goldstein NS, Badizadegan K, Furuta GT – Association of eosinophilic inflammation with esophagical food impaction in adults – Gastrointest. Endosc. 2005 61:785-801.
3- Remedios M, Campbell C, Jones DM, Kerlin P – Eosinophilicesophagitis in adults: clinical, endoscopic, histologic findings aand response to treatment with fluticasone propionate – Gastrointst. Endosc. 2006 63:3-12.
4- Khan S, Orenstein SR – Eosinophilic Disorders of the Gastrointestinal Tract – In: Feldman M, Friedman LS, Brandt LJ. Gastrointestinal and Liver Disease, Philadelphia, Saunders Elsevier, 8th ed, Vol 1, 20066. 543-56
Dra. Yael Albuquerque
Gastroenterologia clínica
CRM: 98.475