O sono é uma necessidade vital e tem relação direta com o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Mudanças no padrão e na qualidade do sono podem afetar as pessoas ainda muito jovens e suas conseqüências vão desde o baixo desempenho escolar até comprometimento da saúde física e mental.
Nos últimos anos, a prevalência de restrição voluntária do sono, insônia e até má qualidade do sono aumentou concomitantemente ao aumento dos casos de obesidade em crianças e adolescentes. Uma quantidade de sono inferior a 10 horas é um fator de risco em crianças de idade escolar, o qual pode estar vinculado com o fato de que menos horas de sono à noite pode provocar, no dia seguinte, maior apetite, maior fadiga, menor desejo de realizar atividade física e com o passar do tempo, maior risco de obesidade.
O sono insuficiente leva à alterações endócrinas e metabólicas que aumentam a fome e o apetite, contribuindo para o excesso de adiposidade corporal, devido alteração dos níveis de hormônios como a leptina e a grelina, cuja função está relacionada ao balanço de energia e controle do peso corporal, além de ter relação com a insulina, sendo que essa privação de sono pode gerar resistência insulínica, que está relacionada à síndrome metabólica em indivíduos com sobrepeso e obesidade.
Também deve-se levar em consideração que duas horas de privação de sono (além do que se está acostumado) já é o suficiente para alterar a produção de cortisol. Alguns dos efeitos crônicos do cortisol são o estímulo central do apetite, a alteração nos níveis de grelina e leptina e a redução da quantidade de nutrientes no organismo (por ser um hormônio catabólico). Paciente obeso tem mais receptores de cortisol no tecido adiposo, sendo que seu excesso tende a fazer acúmulo de gordura visceral.
Com relação aos adolescentes, vê-se que indivíduos com baixa duração do sono (<7 horas / noite) apresentam menor consumo de frutas e hortaliças e maior consumo de fast food, sendo isso associado em alguns estudos ao sobrepeso e obesidade, além de hipertensão arterial e hipertrigliceridemia.
Também é importante ressaltar que não somente a duração do sono é importante como também sua qualidade, pois quando os indivíduos têm dificuldade em adormecer ou quando acordam com frequência, a duração efetiva do sono diminui e o corpo não passa tempo suficiente nos estágios do sono profundo, mesmo que a duração total do sono seja adequada.
Estudos relatam que a qualidade do sono em adultos está associada não apenas ao excesso de peso, mas também à síndrome metabólica. A síndrome metabólica é uma agregação de fatores de risco cardiometabólicos representados pela hipertensão arterial, obesidade abdominal, hipertrigliceridemia, baixa lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e níveis alterados de glicemia. Portanto, a detecção dessa condição em idade precoce é importante para a implementação de estratégias de prevenção.
Há também estudos que relacionam a qualidade do sono do idoso com o aumento da composição corporal, além de outros componentes do estilo de vida como alimentação e prática de atividade física.
Nesses casos, é importante adequar a alimentação e incluir hábitos de vida saudáveis. Procure um (a) nutricionista para esclarecer dúvidas e iniciar sua reeducação alimentar!
Referências Bibliográficas
Aula teórica de Nutrição Funcional “Desequilíbrios Nutricionais – minerais”, ministrada pela professora Drª Adriana Gisele Leme no dia 25 de outubro de 2015 pelo Centro de Nutrição Funcional.
Aula teórica de Nutrição Funcional “Exames laboratoriais”, ministrada pela professora Drª Bruna Donatti no dia 27 de agosto de 2016 pelo Centro de Nutrição Funcional.
FERREIRA, L. K.; MEIRELES, J. F. F.; FERREIRA, M. E. C. Avaliação do estilo e qualidade de vida em idosos: uma revisão de literatura. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro, v. 21, n. 5, p. 616-627, Oct. 2018. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232018000500616&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 03 de abril de 2019.
GONZAGA, N. C. et al. Sleep quality and metabolic syndrome in overweight or obese children and adolescents. Rev. Nutr., Campinas, v. 29, n. 3, p. 377-389, June 2016. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732016000300377&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 03 de abril de 2019.
LIMA, T. R. et al. Sociodemographic and behavioral characteristics of obese students with sleep problems in Southern Brazil. Rev. Nutr., Campinas, v. 31, n. 3, p. 311-323, May 2018. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732018000300311&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 03 de abril de 2019.
VEGA-RODRIGUEZ, P. et al. Estilo de vida y estado de nutrición en niños escolares. Enferm. univ, México, v. 12, n. 4, p. 182-187, dic. 2015. Disponível em <http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1665-70632015000400182&lng=es&nrm=iso>. Acessado em 03 de abril de 2019