Esteatose hepática é muito mais comum do que se imagina e tem números crescentes de casos em todo o mundo. Caracteriza-se por um acúmulo de gordura nas células do fígado, também chamada de Infiltração gordurosa do fígado ou doença gordurosa do fígado
Ela pode ser dividida em doença gordurosa alcoólica do fígado (quando há abuso de bebida alcoólica) ou doença gordurosa não alcoólica do fígado, quando não existe história de ingestão de álcool significativa.
Doença silenciosa, que não provoca sintomas, e, portanto, o número exato de pessoas que sofrem acúmulo de gordura no fígado acaba ficando subestimado. Acredita-se que até 1 em cada 3 pessoas possa ter esteatose. A falta de um número exato de pessoas com a doença torna difícil estimar qual o percentual destas acaba evoluindo para cirrose a longo prazo.
Em geral, menos de 10% dos pacientes com esteatose acabam evoluindo para esteato hepatite. Destes, 20% irão evoluir para cirrose.
Mesmo pessoas magras, saudáveis e com baixa ingestão de álcool podem ter esteatose hepática, apesar de isso ser menos comum. A esteatose hepática incide mais no sexo feminino que no masculino, provavelmente por ação do estrogênio. Existe também esteatose hepática causada por algumas doenças metabólicas congênitas ou hereditárias que já se manifestam nas crianças de tenra idade (crianças de poucos anos).
O fígado possui gordura em torno de 10% do seu peso, sendo isto considerado normal.
Causas
A esteatose hepática pode ter várias causas:
- Abuso de álcool.
- Hepatites virais.
- Diabetes.
- Sobrepeso ou obesidade.
- Alterações dos lípides, como colesterol ou triglicérides elevados.
- Drogas, como os corticoides.
- Causas relacionadas a algumas cirurgias para obesidade.
Em média uma em cada cinco pessoas com sobrepeso desenvolvem esteato-hepatite não alcoólica.
Diagnóstico
O paciente pode apresentar alterações em exames de sangue relativos ao fígado. É a causa mais comum de elevação das enzimas do fígado em exames de sangue de rotina.
Além disso, o aumento do fígado pode detectado no exame físico realizado pelo médico, ou ainda por métodos de imagem, como a ultrassonografia de abdômen, tomografia ou ressonância magnética.
Em pacientes com obesidade deve haver sempre a suspeita quando o paciente apresenta obesidade central (aumento do diâmetro da cintura em relação ao quadril).
Como a doença evolui?
A esteatose hepática é comum nos pacientes com sobrepeso, obesos ou diabéticos. Em parte desses pacientes, uma inflamação das células hepáticas associada à esteatose pode estar presente, lembrando a hepatite alcoólica, e que é chamada de esteato hepatite.
A esteato hepatite não alcoólica, deve ser controlada sempre que diagnosticada, pois tem o potencial de evoluir para a cirrose hepática em alguns pacientes. É preciso realizar exames para que seja avaliado o risco de progressão da doença.
Tratamentos
A esteatose hepática e a esteato hepatite são doenças reversíveis, pois ainda não causaram dano definitivo como a fibrose. O manejo da esteatose requer a Identificação e possível tratamento específico da causa da infiltração gordurosa, bem como uma avaliação e orientação multidisciplinar. Isso inclui acompanhamento médico e uso de medicamentos, em casos especiais, acompanhamento nutricional e atividade física programada.
A esteatose hepática é uma doença geralmente benigna, mas que pode, em certos casos, evoluir para esteato-hepatite, uma forma de hepatite provocada pela deposição de gordura no fígado. A esteato hepatite é uma forma de acumulação de gordura mais grave que esteatose hepática, pois pode levar, a longo prazo, à destruição do tecido hepático, à formação de cicatrizes no fígado e ao desenvolvimento de cirrose.
Várias são as causas de esteatose hepática e esteato hepatite, sendo o consumo excessivo de álcool, a obesidade e o diabetes as principais.
Apesar da esteatose ser uma doença benigna na grande maioria dos casos, se for não tratada, é possível que a doença evolua de forma desfavorável. Desta forma, todo paciente diagnosticado com esteatose hepática e, principalmente, esteato hepatite deve iniciar tratamento especializado para tentar reverter esse acúmulo de gordura.
TRATAMENTO DA ESTEATOSE HEPÁTICA
Diversos tratamentos têm sido investigados para o controle da esteatose hepática. Porém, poucos apresentam resultados cientificamente comprovados. Entre os principais, destaca-se:
Perda de peso
A medida mais eficaz para controlar a esteatose hepática é a perda de peso. Estudos mostram que uma redução de apenas 7% no peso corporal pode ser capaz de trazer excelentes resultados. Portanto, uma pessoa obesa ou com sobrepeso, que pesa ao redor de 80 quilos, precisaria perder cerca de 5 quilos para conseguir apresentar regressão do acumulo de gordura hepática.
Sugere-se a prática de atividade física e um controle do consumo de calorias de forma que o paciente perca entre 0,5 e 1 kg por semana. Perdas muito rápidas de peso, provocadas através de dietas muito rigorosas, podem ter efeito contrário, agravando a esteatose. Não é preciso ter pressa. Um emagrecimento lento, mas definitivo, é a melhor forma de combater a esteatose.
A perda de peso, obviamente, só funciona para aqueles indivíduos obesos ou com sobrepeso. Pessoas com com índice da massa corporal (IMC) normal, ou seja, entre 20 e 25 kg/m2, não apresentam grande benefícios, pois a causa da sua esteatose não é o excesso de gordura corporal.
Consumo de álcool
A suspensão do consumo de álcool é extremamente necessária para evitar que uma esteatose evolua para esteato hepatite e cirrose hepática.
Doença cardiovascular
Pacientes com esteatose hepática apresentam maior risco de doenças cardiovasculares, por isso, o controle dos fatores de risco é essencial para diminuir o risco de complicações cardíacas. Perda de peso, pratica de atividade física, controle dos níveis da pressão arterial, parar de fumar e uso de estatinas (medicamentos para controlar o colesterol) são medidas que devem ser instituídas sempre que necessário.
O uso de medicação para controlar o colesterol não atua diretamente sobre a esteatose, mas ajuda a diminuir o risco cardiovascular destes pacientes. Se o paciente tem colesterol alto, a presença de esteatose é mais um motivo para o seu controle com medicamentos.
Vacinação para hepatite A e B
Pacientes com esteatose e, principalmente, esteato-hepatite apresentam evolução desfavorável, caso venham a se infectar com qualquer uma das formas de hepatite viral. Portanto, para aqueles que ainda não são imunizados, indicamos a vacinação contra a hepatite A e a hepatite B. Não há disponível vacina para a hepatite C.
Suspender drogas nocivas
Algumas drogas apresentam efeito no acúmulo de gordura no fígado. Entre as principais cita-se: corticoide, estrogênio, tamoxifeno e amiodarona. Sempre que possível estas drogas devem ser suspensas ou a dose reduzida.
Medicamentos para a esteatose hepática
As medidas que comprovadamente beneficiam o paciente com fígado gorduroso são as descritas acima. Muitos medicamentos já foram testados. Contudo, nenhum reúne os resultados esperados para uma indicação formal.
Entre as principais medicações que podem ter efeito sobre a esteatose ou esteato hepátote são: Vitamina E, metformina, pioglitazona, rosiglitazona, orlistat e ômega 3.
Dieta para esteatose hepática
Não há uma dieta específica para o paciente com esteatose. Porém, a alimentação do paciente com fígado esteatótico deve ser balanceada de forma a facilitar a perda de peso, o controle do diabetes e do colesterol. As principais alimentações a serem evitadas são: frituras, excesso de gorduras e doces.
Frutas, cereais, legumes, verduras, gorduras poli-insaturadas são alimentos saudáveis que devem fazer parte da dieta de qualquer pessoa, mas, principalmente, de diabéticos, cardiopatas e indivíduos com esteatose.
Pacientes que têm dificuldade de reduzir o consumo de pão, devem dar preferência ao pão integral. Leite desnatado e queijos magros são os mais indicados. Entre as carnes, o peixe é a melhor, principalmente salmão, atum e sardinha.
Dietas ricas em gordura saturada, gordura trans e excesso de açúcar têm sido associadas a um maior risco de desenvolvimento de gordura no fígado. Bebidas e comidas ricas em frutose (refrigerantes e doces em geral) também parecem ser prejudiciais.
Quais são os principais sinais e sintomas da esteatose hepática?
Normalmente, os sintomas da esteatose hepática só se tornam evidentes quando a doença já se encontra avançada, pois a doença inicial é assintomática. Quando existem, os principais sinais e sintomas costumam ser enjoos, vômitos, dor, inchaço abdominal e pele e olhos amarelados.
Como o médico diagnostica a esteatose hepática?
Inicialmente a esteatose hepática pode não gerar sintomas e por isso é mais frequentemente diagnosticada por acaso ao se realizar exames de imagens por outros motivos. A suspeita da esteatose hepática pode ser obtida a partir da história clínica e do exame físico, que detecta aumento de volume do fígado. Os exames de sangue relativos ao fígado podem apresentar alterações das chamadas enzimas hepáticas (TGO e TGP) e de outros marcadores de doença do fígado, como a gama GT. Na esteatose hepática simples as enzimas do fígado estão normais, enquanto na esteatohepatite há aumento das mesmas. Os métodos de imagem, como a ultrassonografia de abdome, tomografia computadorizada ou ressonância magnética ajudam a esclarecer o diagnóstico, mas em alguns casos só a biópsia do fígado fornece um diagnóstico de certeza.
Como o médico trata a esteatose hepática?
A esteatose hepática é uma doença reversível. Quando é feita a identificação da causa é possível instituir-se um tratamento específico. O tratamento é multidisciplinar e envolve, além do acompanhamento médico, orientação nutricional e atividade física programada.
A terapêutica é baseada em uma dieta hipocalórica, consistente em evitar frituras, gorduras e doces e aumentar a ingestão de frutas, legumes, verduras e carnes magras, bem como a prática de exercícios e o afastamento de outras causas da doença. Medicamentos nem sempre são indicados, porque apresentam resultados controversos. O paciente pode ajudar perdendo peso, adotando uma dieta saudável, fazendo exercícios com regularidade, controlando seu colesterol e protegendo seu fígado contra fatores agressores.
Crianças e esteatose hepática
Em crianças nos primeiros anos de vida, a esteatose hepática é causada principalmente por algumas doenças metabólicas. Já nas crianças maiores e adolescentes, as causas são semelhantes às dos adultos, ou seja, o sobrepeso e a obesidade.
O tratamento na infância é de fundamental importância para prevenir danos irreversíveis nos adultos, além da conscientização da criança para hábitos de vida saudáveis, incluindo a prática de exercícios físicos e refeições mais saudáveis.