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Evidências fortes relacionam obesidade a 11 tipos de câncer

Evidências fortes corroboram a associação entre a obesidade e 11 tipos de câncer, que em sua maior parte compreendem tumores do trato digestivo e neoplasias relacionadas com os hormônios nas mulheres, de acordo com uma nova análise publicada on-line em 28 de fevereiro no periódico British Medical Journal.

“Outras associações poderiam também ser verdadeiras, mas há incerteza sobre elas”, disse por e-mail ao Medscape a primeira autora Dra. Maria Kyrgiou, médica do Departamento de Cirurgia e Câncer do Imperial College London, no Reino Unido.

Este novo estudo é conhecido como “síntese de revisões sistemáticas” ou metacomentário, porque avalia as meta-análises e as revisões sistemáticas existentes.

A conclusão da síntese de revisões sistemáticas – de que o excesso de gordura corporal aumenta a incidência da maior parte das neoplasias do sistema digestivo, bem como do câncer de mama e do câncer endometrial após a menopausa – vai ao encontro do relatório feito no ano passado pela International Agency for Research on Cancer (IARC), destacam dois pesquisadores no editorial que acompanha o estudo.

No entanto, a International Agency for Research on Cancer encontrou associações com outros tipos de câncer (como o câncer hepático, de tireoide e de ovário) que o presente estudo não observou, escrevem os editorialistas, a Dra. Yikyung Park, e o Dr. Graham Colditz, médico epidemiologista da Divisão de Ciências da Saúde Pública na Washington University School of Medicine, em St Louis, Missouri.

No entanto, os dados são “claros”, dizem os editorialistas. “A conclusão inevitável a partir destes dados é que a prevenção do excesso de peso no adulto pode reduzir o risco de câncer”.

A prevenção do excesso de peso no adulto pode reduzir o risco de câncer.Dra. Yikyung Park e Dr. Graham Colditz

Os médicos – especialmente os que trabalham no atendimento primário – “podem ser uma força poderosa para reduzir o ônus do câncer relacionado à obesidade”, dado o papel deles no rastreamento e na prevenção da obesidade, afirmam os editorialistas.

O excesso de gordura corporal é potencialmente o segundo fator de risco de câncer modificável mais importante depois do tabagismo, dizem.

Síntese de revisões sistemáticas

A nova síntese de revisões sistemáticas avaliou 95 meta-análises informando uma associação entre o excesso de gordura corporal (medida em uma escala contínua) e o risco de ter câncer, ou de morrer da doença. A obesidade foi definida como índice de massa corporal (IMC) > 30 kg/m2.

A Dra. Maria explicou que uma “medida contínua é quando o efeito da exposição sobre o resultado é medido por unidade de mudança, isto é, o risco de câncer de endométrio a cada aumento de 5 kg/m2 do índice de massa corporal.

Foram sete índices de excesso de gordura corporal/tecido adiposo, incluindo o índice de massa corporal, a circunferência da cintura, o peso e a relação cintura-quadril.

A equipe internacional de pesquisadores considerou que apenas 13% (12 de 95) dos estudos identificados na síntese de revisões sistemáticas tinham como base fortes evidências estatísticas (e evitaram vieses que poderiam ter exagerado o efeito da obesidade sobre o câncer). Em outras palavras, a maioria dos estudos apresentou falhas metodológicas.

Por fim, depois de analisar esses 12 estudos a equipe determinou que havia uma associação entre a gordura corporal e 11 tipos de câncer: adenocarcinoma de esôfago, mieloma múltiplo, neoplasias da cárdia, cólon (nos homens), reto (nos homens), trato biliar, pâncreas, mama (após a menopausa), endométrio (antes da menopausa), ovário e rim.

O grau de risco variou. Por exemplo, o aumento do risco de câncer a cada 5 kg/m2 de aumento do índice de massa corporal variou de 9% (relative risk, RR de 1,09; intervalo de confiança, IC, de 95% de 1,06 a 1,13) para o câncer de reto entre os homens a 56% (RR = 1,56; IC de 95% de 1,34 a 1,81) para o câncer de vias biliares.

Os autores determinaram que os outros 83 estudos tiveram evidências muito sugestivas (18%), sugestivas (25%) e fracas (20%); além disso, 25% não tinham evidências de associação.

Estudos prospectivos serão necessários para tirar “conclusões mais fidedignas” sobre quais tipos de câncer são causados ​​pelo excesso de gordura corporal, dizem os autores do estudo.

Não se sabe quem exatamente é de alto risco, dizem os pesquisadores. Se isso pudesse ser identificado, as pessoas poderiam ser escolhidas para a “personalização das estratégias de prevenção primária e secundária”, escreveram os autores.

BMJ. Publicado on-line em 28 de fevereiro de 2017. Artigo, Editorial

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