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Fibromialgia

A Fibromialgia (FM) é uma síndrome de dor difusa classificada e reconhecida como patologia reumática pela OMS desde 1992. Afeta preferencialmente mulheres com idade entre 12 e 55 anos e está relacionada à interação de fatores genéticos, neuroendócrinos, psicológicos e distúrbios do sono. Pode se manifestar isoladamente ou associada a outras síndromes ou doenças clínicas e até mesmo reumatológicas, como lúpus eritematoso sistêmico (LES), artrite reumatoide (AR) entre outras.

 

É caracterizada por dores musculares em locais específicos associados frequentemente à insônia, fadiga, cefaleia crônica, ansiedade, depressão e síndrome do cólon irritável, sendo que o tratamento pode ser do tipo farmacológico e não farmacológico multidisciplinar (inclui atividade física, psicoterapia e dietoterapia).

A obesidade é uma comorbidade comum na FM, sendo difícil distinguir se é causa ou consequência, tendo em vista o sedentarismo imposto devido limitação dolorosa; disfunção da tireoide; má alimentação; uso de medicamentos psiquiátricos; entre outros. Estudo mostra que mulheres com FM tem um perfil de composição corporal específico com aumento de massa gorda e redução de massa magra. A perda de peso melhora os sintomas da FM, como a dor, insatisfação corporal, redução da pressão nas articulações, redução da fadiga e aumento da disposição.

Indivíduos com fibromialgia produzem 3,2x mais espécies reativas de oxigênio (EROs) comparados à pacientes com vasculites sistêmicas, AR, LES e esclerose sistêmica, doenças que também possuem um perfil inflamatório. É possível que o estresse oxidativo seja um mediador importante no ciclo vicioso, agravando a fadiga crônica, se não for a causa primária. Por esse motivo, a alimentação dos pacientes com FM deve ter característica anti-inflamatória, limitando a produção das EROs, além do controle dos fatores de risco como fumo e sedentarismo.

Estudos apontam a associação da FM com alergia e sensibilidade à proteína do leite de vaca e glúten. A síndrome da fadiga crônica presente na FM pode ser agravada pela sensibilidade ao glúten não celíaca. Nessa síndrome, há a presença de fadiga intensa e sintomas cognitivos, autonômicos e neuroendócrinos inexplicáveis nos últimos seis meses, com possível presença de sintomas gastrointestinais como critérios diagnósticos. A exclusão do glúten da dieta de indivíduos com FM relacionou-se com remissão dos critérios de dor, retorno ao trabalho e descontinuação do uso de opioides, além da melhora de sintomas, como fadiga, sintomas gastrointestinais, enxaqueca e depressão.

A FM é uma patologia crônica com forte impacto na qualidade de vida associada a uma importante sobrecarga social, sendo assim a nutrição tem papel fundamental no tratamento, contribuindo para a melhoria do bem-estar e qualidade de vida destes pacientes.

Há diversas estratégias nutricionais eficientes no combate à sintomatologia da fibromialgia, entre elas:

  • Redução do Índice de Massa Corporal (IMC);
  • Alimentação preferencialmente anti-inflamatória e rica em antioxidantes naturais;
  • Exclusão temporária de certos tipos de alimentos inflamatórios (leite, açúcar e glúten);
  • Suplementação de vitamina D em caso de hipovitaminose;
  • Suplementação de Coenzima Q10 para aumentar a biogênese mitocondrial;
  • Dieta plant-based.

A exclusão do glúten / leite e derivados, assim como outras estratégias nutricionais, deve ser orientada por um (a) Nutricionista, afim de alcançar o adequado aporte de nutrientes proveniente de uma alimentação equilibrada, muito mais do que a simples exclusão desses compostos no dia-a-dia, para que não haja prejuízos nutricionais a curto, médio e longo prazo.

 

Referências Bibliográficas
PEREA, D. C. B. N. M. Fibromialgia: epidemiologia, diagnóstico, fisiopatologia e tratamento fisioterápico. Artigo de revisão. Fisioterapia Brasil, v. 4, n. 4, p. 282-88, 2003.
Departamento de Farmacologia. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Suplemento de vitamina D reduz dor em mulheres com fibromialgia. Disponível em <https://farmaco.ufsc.br/2014/01/24/suplemento-de-vitamina-d-reduz-dor-em-mulheres-com-fibromialgia/>. Acesso em 18 de setembro de 2019.
SIENA, L. R.; MARRONE, L. A influência da alimentação na redução ou no agravamento dos sintomas apresentados em pacientes portadores de fibromialgia. Terra e Cultura, n. 48, p. 14-19, 2009.
MARUM, A. P. B. Uma intervenção nutricional com restrição de FODMAPS integrada no tratamento da fibromialgia: Uma realidade com benefícios? Dissertação elaborada para obtenção do grau de Mestre em Nutrição Clínica, 2016. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10451/24339>. Acesso em 18 de setembro de 2019.
SILVA, A. F.; SCHIEFERDECKER, M. E. M. Recomendações nutricionais para o tratamento da fibromialgia. Demetra, v. 12, n. 3, p. 751-765, 2017.

Por: Sâmia Rocha Alves –  Nutricionista – CRN3: 32.768
Responsável técnico – Dr. Thiago F. de Souza CRM 110219

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