A cirurgia bariátrica é uma abordagem eficaz e segura para o tratamento da obesidade grau II e III. Por ser uma doença crônica, o controle pode ser atingido, mas engana-se quem possa achar que a cirurgia isoladamente pode ter resultados positivos a longo prazo. Após o procedimento cirúrgico, uma longa estrada deverá ser percorrida. Nesta fase da PANDEMIA, este problema se intensificou. Durante a quarentena, sem poder realizar exercícios físicos da melhor forma e associado a ansiedade do futuro incerto muitos pacientes não conseguiram seguir as orientações e apresentam dificuldade para perder peso e reganho da obesidade.
A cirurgia bariátrica está associada a uma perda de peso de 30-40% em média, na dependência do tipo de cirurgia e do comprometimento da equipe multidisciplinar e do paciente. No primeiros 6 meses após a cirurgia bariátrica espera-se que o paciente perca pelo menos 20% do seu peso e usamos o para isto, o termo OBESIDADE CONTROLADA. Quando não atinge este percentual nos primeiros 6 meses, devemos considerar como OBESIDADE NÃO CONTROLADA, mas as mudanças e objetivos devem persistir. Também podemos utilizar o termo OBESIDADE PARCIALMENTE CONTROLADA, para os pacientes que ficam entre 10-20% de perda de peso.
Nos primeiros 12-18 meses após a cirurgia ocorre a maior perda de peso total e em geral é a fase em que o paciente e a equipe estão mais atentas a todos os cuidados necessários para o sucesso no controle da obesidade.
Alegria, satisfação com os resultados, com a nova imagem e disposição para exercícios físicos são os principais fatores que colaboram para os resultados. As orientações de dieta, nutrição mais saudável e consciente também fazem parte deste período. Para muitos também ocorre o retorno as atividades sociais, as viagens e novas oportunidades de trabalho e atividades. Lua de mel, este é o nome utilizado por muitos para descrever como tudo está caminhando, possibilitando planos para o futuro.
O REGANHO DE PESO, 5-10% após o segundo ano da CIRURGIA BARIÁTRICA, é considerado aceitável, tendo o organismo entrando em um ponto de equilíbrio. Contudo, reganho de peso acima destas faixas é considerado um sinal de alarme.
O REGANHO DE PESO CONTROLADO pode ser definido quando ocorre reganho de até 20%. Nesta fase devemos ter especial atenção para iniciar rapidamente as medidas de controle do REGANHO. Estas medidas devem ter como objetivo a perda aproximada de 10% do peso. Como sugestão, retome todas as orientações de conduta do período pós operatório imediato, incluindo a dieta líquida.
Nos pacientes em que há o REGANHO de 50% do peso antes da cirurgia ou de 20% associado ao retorno das doenças associadas que já estavam controladas pode-se confirmar o REGANHO DA OBESIDADE. Entre as principais doenças relacionadas a obesidade, a hipertensão arterial, diabetes, apnéia do sono e esteatose estão entre as principais.
Por que a RECIDIVA acontece?
Na maior parte das vezes, após o segundo ano os pacientes podem se sentirem mais confiantes e confortáveis para não seguirem as orientações do período inicial e dos primeiros 12-18 meses. Muitos pacientes já não retornam as consultas com a equipe multidisciplinar.
Distúrbios psicológicos, hábitos incompatíveis, alterações metabólicas estão entre as principais causas do reganho. Mas fatores anatômicos no by-pass, como o tamanho da anastomose e do pouch gástrico podem influenciar na dificuldade para controlar a dieta. No caso do sleeve, da gastrectomia vertical, pode ter havido a dilatação do estômago com o passar dos anos e, portanto, diminuição da função restritiva.
Ao perceber que está com dificuldade de manter o peso perdido ou já apresentando o reganho do peso ou da obesidade deve agendar com o grupo multidisciplinar.
Existe diversas possibilidades para o resgate do procedimento cirúrgico. No caso do by-pass, por exemplo, além da revisão de todas as etapas que permitiu o sucesso na perda de peso, pode ser realizada a remodelação da anastomose com plasma de argônio ou a sutura da anastomose por endoscopia. Estes procedimentos endoscópicos, argônio e a sutura, são ambulatoriais, mas devem ser realizados em hospitais com a presença do médico anestesista. O paciente, na maior parte dos casos, retorna as atividades de estudo e trabalho no dia seguinte.
Nos pacientes que foram submetidos ao sleeve ou gastrectomia vertical, há a possibilidade de realizar a sutura endoscópica do sleeve. Este procedimento endoscópico revisional tem o objetivo de reduzir a capacidade do estômago, podendo oferecer aos pacientes benefício semelhante ao período pós operatório inicial.
Atenção para a ingesta de bebidas alcoólicas. É muito frequente após cirurgias bariátricas, o aumento do uso de bebidas alcoólicas como forma de substituição do prazer de comer pelo de beber. As bebidas alcóolicas, em sua maioria, possuem um alto teor calórico e a função restritiva e disabsortivas proposta pelas cirurgias bariátricas perdem a função.
O REGANHO DA OBESIDADE tem tratamento sem a necessidade de cirurgia revisional na maior parte dos casos. A ENDOSCOPIA DIGESTIVA TERAPÊUTICA evoluiu muito nos últimos anos e possibilita diversas formas de abordagem pouco invasiva. No Brasil, está atuação é feita pelos ENDOSCOPISTAS BARIÁTRICOS, médicos com formação em endoscopia digestiva e que atuam no tratamento da obesidade primária e secundária.
Por: Responsável Técnico: Dr. Thiago F. de Souza, CRM: 110219