Osteopenia não é uma doença. É uma condição clínica que sugere a perda gradual de massa óssea que pode levar à osteoporose, esta, sim, uma doença, que compromete a resistência dos ossos, aumentando o risco de fraturas entre elas no fêmur, pulsos e coluna vertebral.
Os ossos estão em permanente processo de renovação. Eles se decompõem e reconstroem constantemente pela ação de três tipos de células: os osteoblastos, os osteócitos e os osteoclastos. Devido a esse potencial de reconstrução do tecido ósseo, é possível restaurar a forma e a função dos ossos, nos casos de lesões ou fraturas, sendo que o pico de densidade mineral óssea (DMO) ocorre na terceira década de vida. Depois de alguns anos de estabilidade, o equilíbrio entre produção e reabsorção de células ósseas começa a ficar comprometido e os ossos se tornam mais fracos e porosos.
O mecanismo exato de perda óssea não está bem estabelecido. Inicialmente, a perda óssea foi atribuída ao uso de medicamentos como os corticosteróides. No entanto, estudos em pacientes com doença intestinal inflamatória (DII) sem qualquer tratamento mostraram baixa DMO nesses pacientes, sugerindo que o processo inflamatório contribui para esse mecanismo.
Causas
Uma das principais causas da osteopenia é o envelhecimento, além de fatores genéticos e hereditários, desnutrição e anorexia, exposição insuficiente ao sol e sedentarismo, que podem contribuir para o seu aparecimento. Em alguns casos ela pode, ainda, estar relacionada a doenças na tireoide, no fígado e nos rins, ao uso prolongado de alguns medicamentos (anticonvulsivantes, corticoides e hormônios tireoidianos), quimioterapia, ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e de cafeína e ao tabagismo.
A osteopenia pode afetar mulheres e homens. No entanto, são mais vulneráveis as mulheres com menopausa precoce ou na pós-menopausa, especialmente as brancas e as asiáticas, de baixo peso e estatura, que se ressentem da queda na produção do estrogênio, hormônio feminino que contribui para a absorção de cálcio e estabiliza o metabolismo ósseo. Nos homens, o problema se agrava depois dos 60 / 70 anos, quando diminui a produção de testosterona, o hormônio masculino.
A osteopenia é uma condição assintomática. Geralmente só apresenta sintomas quando os ossos estão severamente comprometidos. O diagnóstico é feito pelo exame de densitometria óssea, um exame não invasivo e com baixa exposição à radiação, que mede a quantidade de cálcio por centímetro quadrado no fêmur e na coluna vertebral. Exames laboratoriais de sangue são úteis para avaliar possíveis causas secundárias da degeneração óssea, que exigem tratamento específico. Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de sucesso do tratamento.
É difícil reverter um quadro de osteopenia. Por isso, o maior objetivo é deter ou retardar a degradação do tecido ósseo que pode levar à osteoporose.
Tratamentos
O tratamento medicamentoso só é indicado quando o paciente apresenta um quadro de osteopenia associada a outros fatores de risco para fraturas, como, por exemplo, histórico familiar de fraturas, baixo peso ou se faz uso de corticoides.
O tratamento não medicamentoso consiste em adotar um estilo de vida saudável:
- Alimentação balanceada rica em cálcio e vitamina D
- Exposição diária ao sol, por 15 minutos, sem o uso de protetor solar, para garantir a síntese da vitamina D indispensável para a absorção intestinal de cálcio
- Prática de atividades físicas, se possível de impacto, como corrida e caminhada, durante 30 minutos pelo menos 5x/semana
- Controlar a ingestão de cafeína, presente não só no café, mas também em vários tipos de chás, refrigerantes e bebidas energéticas, pois interfere na absorção de cálcio pelo organismo
- Evitar o consumo excessivo de álcool
- Não fumar A prevenção da osteopenia e, consequentemente da osteoporose, deve começar na infância e estender-se durante a vida.
O tratamento, seja medicamentoso ou não, deve ser sempre acompanhado por um médico e um nutricionista.
Referências Bibliográficas
HOSPITAL OSWALDO CRUZ. Osteopenia: se não tratada, pode levar à osteoporose. Disponível em . Acessado em 05 de junho de 2019.
LIMA, C.A. et al . Bone mineral density and inflammatory bowel disease severity. Braz J Med Biol Res, Ribeirão Preto, v. 50, n. 12, e6374, 2017.
VARELLA, D. Osteopenia. Disponível em . Acessado em 05 de junho de 2019.