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Bariátrica é segura?

“Tinha medo de morrer na cirurgia”, diz André Marques. Bariátrica é segura?

André Marques publicou fotos em seu Instagram nesta segunda-feira (19) para comemorar cinco anos de sua cirurgia de redução de estômago, e os cerca de 70 kg eliminados nesse período. “Se passaram cinco anos. Muita coisa mudou, a maioria para melhor. Obrigado papai do céu e a todos envolvidos nessa caminhada”, disse.

Ainda em seu textão de celebração, André comentou do receio que teve de operar e das mudanças rápidas que a cirurgia causou em sua saúde. “Tinha muito medo de morrer nela [cirurgia]. Ouvi do meu médico que era mais fácil eu morrer de doenças associadas à obesidade do que da cirurgia. (…) Com 4 meses, minha diabetes adquirida tinha desaparecido, uma alegria, pois eu já estava enxergando muito mal!”, completou o apresentador.

Ter medo de cirurgia pode ser instintivo, mas não é necessário. “Com o passar do tempo a cirurgia de redução do estômago se aperfeiçoou cada vez mais. Não há perigo, é segura”, explica Alexandre Zanchenko, cirurgião do Instituto Endovitta e coordenador na Faculdade de Mecidina Unisa (Universidade Santo Amaro), em São Paulo.

“O índice de fracasso é menor que 0,13%, quando a cirurgia é realizada por médicos experientes e responsáveis. A obesidade não tem cura, mas tem tratamento. Se é preciso fazer cirurgia o paciente deve fazer e depois continuar se cuidando, comendo bem e fazendo atividade física”, diz Luiz Vicente Berti, endócrino e cirurgião no hospital São Luiz, em São Paulo.

Além de não precisar entrar em pânico pelo procedimento, o ganho na saúde após a cirurgia realmente vale a pena. “A longo prazo os benefícios da redução de estômago são enormes. Tem estudos que mostram que ao perder 10 kg já temos melhora de dores nas articulações, doenças cardiovasculares, diabetes, até câncer. Imagina perder 70 kg.”, completa Zanchenko.

De qualquer forma, para um paciente passar pela redução de estômago é preciso fazer uma avaliação psicológica. “Esse medo pode ser abordado ali. Na avaliação é discutido todo o processo, se a pessoa está apta a passar por tamanha mudança, como será a vida depois de perder peso”, diz o Zanchenko.

O pós-operatório inclusive costuma receber mais reclamações que o momento da operação em si. Isso porque o paciente precisa aceitar o novo corpo e se acostumar com uma dieta mais restrita de adaptação.

Quanto a questão do “desaparecimento” da diabetes citada por André Marques, é importante lembrar que a diabetes tipo 2 é praticamente uma doença irmã da obesidade. Isso porque o excesso de peso diminui a capacidade do corpo de utilizar a insulina para controlar os níveis de açúcar no sangue, tornando esse grupo de pessoas mais suscetível a esse tipo de diabetes.

Assim, não é de grande espanto a doença ser curada com um tratamento de controle de peso, como pela redução de estômago no caso do apresentador.

Inclusive, há uma indicação para fazer a redução de estômago mesmo com o IMC (Índice de Massa Corporal) mais baixo caso o paciente tenha diabetes associada a obesidade. “Para recomendar a cirurgia bariátrica o paciente deve ter IMC acima de 40. Porém, existe uma nova diretriz do CFM (Conselho Federal de Medicina) que libera a mesma operação para quem tiver IMC acima de 35, mas outra doença relacionada a obesidade -diabetes, hipertensão, colesterol alto. Nesse caso o procedimento recebe o nome de cirurgia metabólica”, explica Tassiane Alvarenga, endocrinologista membro da Sociedade Brasileira Endocrinologia Metabologia.

O procedimento foi liberado em associação da diabetes assim que os médicos notaram que a redução do estômago melhora muito a secreção de insulina pela redução do peso e pelo estímulo de dois hormônios que estimulam o pâncreas.

“Na operação o médico grampeia o estômago e faz um desvio no trato intestinal, ligando o estômago diretamente ao jejuno (no intestino delgado). O jejuno produz os hormônios GLP-1 e PYY, importantes para estimular o pâncreas a produzir insulina, e com o alimento caindo mais rápido ali após a cirurgia, há uma produção maior”, conta Alvarenga.

No caso de André, demoraram quatro meses para o diabetes “sumir”, mas alguns pacientes mostram melhora em duas semanas ou um mês.

Estudos mostram perigos da obesidade

Perder peso é uma medida importante para melhorar a qualidade de vida, isso porque diversos estudos provam que a obesidade está associada a maiores riscos de doenças preocupantes.

Um estudo do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) com a Harvard University mostrou que cerca de 15 mil casos de câncer por ano no Brasil -ou 3,8% do total- poderiam ser evitados com a redução do excesso de peso e obesidade.

De acordo com os cientistas, os tipos de câncer atribuíveis a essas duas condições são os de mama na pós-menopausa, de cólon, reto, útero, vesícula biliar, rim, fígado, ovário, próstata, mieloma múltiplo, esôfago, pâncreas, estômago e tireoide.

Também já foram publicadas pesquisas que provam que perder só 5% do seu peso já reduz riscos de doença cardíaca, AVC e diabetes – imagine então o impacto da redução de estômago.

A análise, publicada no jornal científico Mayo Clinic Proceedings, mostra que pessoas que reduziram somente 5% a 10% do peso corporal diminuíram em 22% o risco de desenvolver síndrome metabólica, problema associado a doenças do coração, AVC e diabetes. As pessoas que perderam mais de 20% de seu peso se beneficiaram ainda mais. Esses indivíduos eram 53% menos propensos a ter síndrome metabólica.

 

Originalmente postado em: https://vivabem.uol.com.br/noticias/redacao/2018/11/21/tinha-medo-de-morrer-na-cirurgia-diz-andre-marques-bariatrica-e-segura.htm

Por: Dr. Alexandre Zanchenko Fonseca, Cirurgia do Aparelho Digestivo, CRM 120.120
Responsável técnico – Dr. Thiago F. de Souza CRM 11021903

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