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Compulsão Alimentar

Ao longo da vida, a imagem corporal está em permanente construção. Durante a infância que se iniciam as preocupações com o peso, crenças relacionadas ao corpo e comportamentos direcionados à melhora da aparência física, sendo assim, desde essa fase o indivíduo, na busca de um corpo ideal, pode ter sua imagem corporal afetada. Vale ressaltar que uma imagem corporal negativa durante este período pode ser fator de risco para o desenvolvimento de psicopatologias em indivíduos durante a vida adulta.

A imagem corporal tem um impacto significativo na saúde física, psicológica e social. A apreciação dessa imagem tem sido inversamente associada a maiores níveis de insatisfação corporal, vergonha da imagem corporal, perfeccionismo mal adaptativo, ansiedade, depressão, maiores índices de massa corporal (sobrepeso e obesidade) e psicopatologia alimentar.

Em paralelo, diversos estudos têm demonstrado que uma atitude negativa perante a imagem corporal, nomeadamente associada a sentimentos de vergonha e inferioridade, se associa à adoção de episódios de compulsão alimentar periódicos.

O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é definido pela ingestão de grandes quantidades de comida, num curto período de tempo (aproximadamente duas horas), sem um comportamento purgativo associado, acompanhado por uma sensação de falta de controle sobre o episódio.

Os episódios de ingestão alimentar compulsiva estão associados ao desenvolvimento de sobrepeso e a comorbidades físicas e psiquiátricas, até mesmo um transtorno alimentar futuro.

Estudos sugerem que a compulsão alimentar resulta de um processo de regulação emocional mal adaptativo, no qual o consumo excessivo de alimentos opera como um meio para escapar momentaneamente ou evitar pensamentos e emoções angustiantes e indesejadas.

A ocorrência de comportamentos de ingestão alimentar é relativamente frequente na população geral em indivíduos de ambos os sexos e com diferentes índices de massa corporal.

Segundo pesquisa da OMS, a prevalência de compulsão alimentar é de 15 a 30,1% em indivíduos que buscam tratamento para perda de peso e acima de 50% em candidatos à cirurgia bariátrica, quando avaliados pela Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP).

A qualidade de vida é afetada negativamente em indivíduos com esse distúrbio alimentar, principalmente em obesos, os quais apresentam associação com maior ganho ponderal, maior risco de desenvolver síndrome metabólica, maior dificuldade de perder peso, importante insatisfação relacionada ao corpo, pior imagem corporal, maior distância entre o peso desejado e o real, maiores índices de depressão e ansiedade e com ingestão de maior quantidade de calorias devido aos episódios de compulsão, comparados a indivíduos obesos que não apresentam compulsão alimentar.

Outro fator importante relacionado ao risco de desenvolver compulsão alimentar é o excesso de privações gerado por dietas restritivas, aumentando o desejo por alimentos “proibidos”, gerando estresse e frustração.

O tratamento para a compulsão alimentar deve ser multidisciplinar, incluindo médico psiquiatra, psicólogo e nutricionista.

Estratégias:

– Abandone dietas restritivas: procure sempre uma nutricionista para tratamento individualizado;

– Substitua alimentos industrializados por naturais, como frutas, verduras e legumes, pois devido as fibras presentes nesses alimentos, eles nos dão mais saciedade, evitando riscos de episódios de compulsão;

– Organize-se! Ao sair de casa, se organize para não precisar comer na “rua”, evitando ter que comprar alimentos não tão saudáveis e/ou de alta densidade calórica;

– Observe os sinais de fome e saciedade que o corpo te envia, essenciais para regulação do apetite; – Crie uma rotina alimentar: evite jejum prolongado ou comer menos do que o necessário, para evitar comer em excesso na refeição seguinte;

Pratique atividade física. Os exercícios físicos ajudam a controlar a compulsão alimentar, pois fornecem uma sensação de prazer e bem-estar devido liberação de hormônios de felicidade que essas atividades nos proporcionam;

– Busque auxílio profissional: não é fácil tratar a compulsão alimentar sozinho, por isso procure sempre ajuda especializada.

Procure uma nutricionista para esclarecer dúvidas e adequar sua alimentação conforme seus hábitos e estilo de vida!

 

Referências Bibliográficas
American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5th ed. Arlington: APA; 2013.
GHADIE, Samer Majid et al. Prevalência do transtorno da compulsão alimentar periódica no pós-operatório de cirurgia bariátrica em obesos mórbidos. Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão. 12o ENEPE UFGD.
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OLIVEIRA, Sara; FERREIRA, Cláudia. Memórias das mensagens alimentares precoces transmitidas pelos cuidadores e comportamentos de ingestão alimentar compulsiva em adultos da população geral portuguesa: Estudo do papel da apreciação da imagem corporal. Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social. Coimbra, v. 4, n. 2, p.33-41, 2018.
PISSIGUELLI, Raquel et al. Relação entre o comer emocional e o transtorno de compulsão alimentar em portadores de síndrome metabólica. International Journal of Nutrology. Rio de Janeiro, v. 11, p. 24-327, 2018.
Site Sophie Deram. <https://www.sophiederam.com/br/comportamento-alimentar/como-tratar-compulsao-alimentar/>. Acesso e 15/12/2018.

 

Por: Sâmia Rocha Alves –  Nutricionista – CRN3: 32.768
Responsável técnico – Dr. Thiago F. de Souza CRM 110219

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