O Esôfago de Barrett é uma doença benigna, mas que apresenta uma chance considerável de degeneração maligna, ou seja, se tornar um câncer.
A idade média dos pacientes com esôfago de Barrett está entre 55 e 65 anos. Mais de 80% dos pacientes são homens brancos, com alguns estudos indicando uma prevalência maior em fumantes e alcoolistas. A doença é rara em descendentes de africanos e asiáticos. Os pacientes com hérnia de hiato estão mais expostos do que a população sem hérnia.
O refluxo gastroesofágico de conteúdo ácido ou biliar é o responsável pela agressão ao esôfago distal e assim, pode ocasionar a mudança das células desta região. É encontrado em cerca de 10% dos pacientes que apresentam queixa de refluxo e que procuram atendimento médico.
A grande preocupação está na possível evolução para o câncer. Estima-se que 1 de cada 180 pacientes com esôfago de Barrett evoluem para o câncer dentro de 1 ano e o risco da incidência de câncer, quando comparado a da população normal pode chegar em até 125 vezes.
Os principais sintomas são semelhantes aos dos pacientes com a Doença do Refluxo, não complicada. Pirose, dor retroesternal, sensação de queimação podem estar presentes.
O diagnóstico é realizado por endoscopia digestiva alta com biópsia e confirmado pelo exame histopatológico. A biópsia é um pequeno fragmento de tecido que será encaminhado para o exame histopatológico. As células podem ser do tipo gástrica ou intestinais. As primeiras não confirmam o diagnóstico. O diagnóstico é confirmado com a presença de células do tipo intestinal, em especial na presença de células caliciformes. É importante o patologista informar se tem ou não neoplasia intraepitelial, e na presença desta, classificar como em baixo e alto grau.
Não existe um tratamento medicamentoso que resulte na regressão da doença. Os tratamentos objetivam o controle da doença do refluxo e minimizar os danos causados por ela. Os inibidores de prótons são utilizados no controle da doença do refluxo e em geral, na presença do esôfago de Barrett, o seu uso é crônico.
Em geral há uma série de mudanças necessárias, entre elas: alimentação e no comportamento. As bebidas alcoólicas, chá preto, café, frituras, gorduras, chocolates e molhos vermelhos são os principais associados a piora do refluxo. As mudanças no comportamento, deixando de ser sedentário e realizando atividades físicas são essenciais no tratamento.
O diagnóstico e segmento destes pacientes merecem consideração especial. Deve ser feito, preferencialmente com o mesmo médico e em intervalos de tempo determinados, na dependência da extensão ou dos achados em exames anteriores.
O tratamento do esôfago de Barrett é amplamente discutível e com o passar dos anos, pequenas alterações foram incorporadas. Não há nenhum tratamento clínico eficaz, mesmo quando o objetivo de controlar a doença do refluxo seja aplicada.
Diversos tratamentos já foram testados e e nenhum houve o sucesso esperado. Atualmente chegou no Brasil, um aparelho chamado sistema Halo. Está técnica muito simples, mas que deve ser realizada em ambiente hospitalar, tem como principal função a destruição tecidual com ondas de radiofrequêcia. Os resultados publicados em outros países asseguram que a técnica é reprodutível, e que portanto, os primeiros pacientes devem ter evolução semelhante.
Outros tratamentos já foram testados, como a ablação com argônio, ressecção epitelial, crioablação e energia térmica, mas nenhum se mostrou efetivo no controle dos sinais e sintomas e da possível evolução para câncer.
Nos últimos 10 anos, a incidência de câncer de esôfago relacionado ao refluxo cresceu 10 vezes, estando relacionada principalmente a alimentação. A alimentação passou a não ser mais fonte de sobrevivência e sim de prazer, contribuindo para o surgimento de não só esta, mas inúmeras outras doenças crônicas.
Se você já tem o diagnóstico ou tem apenas a suspeita, agende uma consulta para melhores esclarecimentos.
Dr. Thiago F. de Souza
CRM 110219